Que seria da memória
sem a fotografia?
Que seria do homem
sem seus vestígios?
Como saberíamos dos avós,
do rosto da infância de nossos filhos?
Que seria de nós
sem ancoragem
no tempo que esgarça e destrói?
Que seria de nós
sem nossos baús
de saudade
e choro?
É a fotografia que segura relógios,
retorna calendários,
faz do passado presente,
num instante.
Fala do retrato denunciador,
da esperança sumida,
dos amores acabados,
cujas caras
não mais nos tocam.
Fala da finitude
das coisas,
da velocidade,
da vida.
Dá vida
ao já morto,
reacende olhares
por um instante.
Fala das lições
nunca aprendidas,
da esperança
na razão
sem razão.
Fala, fotografia!
Dá notícias
do homem,
em seu difícil trajeto.
LUIZ HUMBERTO
do livro fotografia, a poéticva do banal (imprensa oficial - editora unb 2ooo)
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